Autor: Jeniie Li (Estrategista de Ações), Pietra Guerra (Analista Internacional) e Rafael Nobre (Analista Internacional).

06/07/2022 08:18:17 • Atualizado em 06/07/2022 08:18:18

MACRO

Bolsas internacionais amanhecem com tendência positiva (EUA +0,1% e Europa +1,7%), na expectativa da divulgação da Ata da última reunião do Federal Reserve, que será examinada para obter informações sobre o estado da economia e os esforços do banco central americano para controlar a inflação por meio de aumentos nas taxas de juros. O mercado de ações nos Estados Unidos apresentou leve alta nos últimos dias, com alguns investidores mudando suas opiniões sobre a agressividade do aperto do banco central à medida que o crescimento econômico e o sentimento do consumidor enfraqueceram. Os investidores também esperam hoje os dados sobre o setor de serviços, com a divulgação da pesquisa dos gerentes de compras (PMI). Adicionalmente, os movimentos dos títulos de renda fixa chamam a atenção, à medida que a curva se inverteu nos EUA novamente. Isso acontece quando os rendimentos de prazos mais curtos, como os títulos de dois anos, são maiores do que os de dívidas de prazos mais longos, como os de 10 anos. Nessa quarta-feira o rendimento de dois anos estava em 2,843%, em comparação com 2,814% para os 10 anos, segundo a Tradeweb.

No Europa, o governo norueguês interveio para encerrar uma greve dos petroleiros na noite de terça-feira, que ameaçava reduzir mais da metade as exportações de gás do país, uma importante fonte de energia para a região. Com isso, o contrato futuro do gás natural caiu 6% depois de atingir a máxima dos últimos quatro meses no dia anterior. Do lado do petróleo, os preços se recuperam após a queda de terça-feira, que foi a maior desde março. O barril do Brent, petróleo de referência global, subiu 1,3%, sendo negociado a US$ 104,05. Enquanto isso, na Ásia, os principais benchmarks fecharam em queda. Na China (-1,5%), Xangai lançou novos testes em massa para Covid em nove distritos depois de detectar casos nos últimos dois dias, alimentando preocupações de que o centro financeiro possa mais uma vez se encontrar bloqueado em busca do Covid Zero.

macro

EMPRESAS

ford

Ford reporta aumento nas vendas trimestrais mas decepciona as expectativas dos analistas: A Ford Motor (NYSE: F, BDR: FDMO34) divulgou um ligeiro aumento nas vendas de veículos novos para o segundo trimestre, mas abaixo das expectativas dos analistas. A empresa disse que as vendas subiram 1,8% para 483.688 veículos novos no período em comparação com o ano anterior, mas observou que os resultados melhoraram em junho e aumentaram 31,5% no mês. Analistas esperavam que as vendas da montadora de Detroit subissem entre 3,3% e 5,1%.Os resultados da Ford superaram o desempenho do setor durante o trimestre, já que as vendas gerais deveriam cair entre 19% e 21% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. As montadoras estão lutando para reconstruir os estoques dos revendedores, que foram atingidos pelos cortes de produção em meio à escassez global de chips semicondutores e outros componentes automotivos importantes.

Segundo a Ford, a demanda continua forte, com um recorde de 50% das vendas no varejo provenientes de pedidos de clientes em junho, em vez de compras de estoques de revendedores. As montadoras têm pressionado os clientes a encomendar veículos, o que ajuda as empresas a medir melhor a demanda e planejar de acordo. A companhia disse que suas vendas no varejo subiram 30,3% no mês passado em comparação com o ano anterior. No primeiro semestre do ano, as vendas de veículos elétricos totalizaram 22.979 unidades, um aumento de 77% em relação ao mesmo período de 2021.

shein

O crescimento da gigante chinesa defast-fashion Shein versus a longa lista de processos por roubo de direitos autorais: Avaliada em mais de US$ 100 bilhões e apoiada por grandes investidores como Sequoia Capital China e General Atlantic, a Shein, gigante chinesa de vestuário que conquistou a geração Z oferecendo roupas da moda a preço acessíveis, tem recebido uma longa lista de reclamações de roubo de direitos autorais. Seu apelo inclui preços reduzidos, parcerias bem-sucedidas com influenciadores on-line e um guarda-roupa sempre atualizado, com até 6.000 novos itens por dia. Mas, essa ascensão veio com um número crescente de ações judiciais, alegando que a empresa está lucrando com os projetos de outras pessoas. A Shein ou sua controladora sediada em Hong Kong, Zoetop Business, foi nomeada nos últimos três anos como ré em pelo menos 50 processos federais nos EUA alegando violação de marca registrada ou direitos autorais, de acordo com registros públicos levantados pele The Wall Street Journal.

As acusações variam de pequenos designers a gigantes do varejo, incluindo nomes como Ralph Lauren (NYSE: RL, BDR: R1LC34) e a fabricante de óculos Oakley. Em muitos casos a Shein fez acordos com os demandantes, em outros respondeu a reclamações sobre imitações de seu trabalho culpando fornecedores terceirizados. Ao visar os consumidores ocidentais e evitar as lojas físicas, a Shein se beneficiou da mania de compras on-line da era da pandemia. As vendas da empresa privada cresceram seis vezes em dois anos, para US$ 19 bilhões em 2021, quase igualando a receita gerada no mesmo ano pela H&M, segundo estimativas do Credit Suisse.

asml

Ações da ASML caem com relatório que EUA querem restringir vendas para a China: As ações da ASML (NASDAQ: ASML BDR: ASML34), fornecedora de equipamentos para fabricantes de semicondutores, caíram na terça-feira após uma reportagem da Bloomberg afirmar que o governo dos EUA quer restringir a empresa de vender equipamentos para a China. De acordo com a notícia, a empresa já não conseguiu enviar suas ferramentas mais avançadas para a China, mas o relatório disse que Washington também restringirá a venda de máquinas um pouco mais antigas. Vale lembrar que a China é o terceiro maior mercado da ASML, depois de Taiwan e Coreia do Sul, representando cerca de 16% das vendas de 2021, ou €2,1 bilhões.

A ASML tem quase o monopólio da fabricação de sistemas de litografia, máquinas vitais para fabricantes de chips como Intel (NASDAQ: INTC, BDR: ITLC34), TSMC (NYSE: TSM, BDR: TSMC34) e Samsung. Os sistemas de litografia custam centenas de milhões de dólares cada e usam feixes de luz focados para criar os circuitos dos chips de computador. A litografia e outros equipamentos de fabricação de semicondutores exigem uma licença de exportação, pois os chips de computador são considerados tecnologia de uso duplo, com aplicações militares e comerciais. A maioria dos chips em todo o mundo são fabricados com litografia DUV. Restringir sua venda para a China seria altamente prejudicial para a indústria de chips da China e provavelmente pioraria a escassez global de semicondutores.

ANÁLISE

análise
Fonte: Bloomberg

Mercado de ações de Hong Kong vê futuro incerto à medida que cresce a influência da China: O gráfico acima, da Bloomberg, mostra a performance do índice de ações de referência de Hong Kong, que apresentou um retorno total de mais de 230% desde julho de 1997. Isso se compara com 320% do Shanghai Composite Index e 580% do S&P 500 Index nos EUA. O desempenho mais baixo acompanhou a mudança de Hong Kong, de um local dominado por corretoras locais, bancos e gigantes de serviços públicos, para um mercado que agora está ligado à China continental e à visão de Xi Jinping para a nação.

A mudança proporcionou enormes oportunidades para os investidores que aproveitam a ascensão econômica da China, mas também trouxe ciclos de altas e baixas e riscos que foram subestimados até a ampla repressão regulatória de Pequim à iniciativa privada no último um ano e meio, uma vez que as empresas onshore agora respondem por dois terços das ações listadas no índice Hang Seng.

Confira também nosso artigo sobre É possível estar otimista com a bolsa e a renda fixa?

Fonte: conteudos.xpi


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