Autor: Jeniie Li (Estrategista de Ações), Pietra Guerra (Analista Internacional) e Rafael Nobre (Analista Internacional).

11/07/2022 19:11:12 • Atualizado em 12/07/2022 09:55:22

O brilho do mercado de luxo

O consumo de alta renda, representado pelo mercado de luxo, é composto por uma extensão de bens e serviços, com os itens pessoais sendo o segundo maior segmento da indústria, perdendo apenas para carros de luxo. Esse mercado, focado no público de alto padrão, vem mostrando um crescimento resiliente ao longo da última década, com exceção de 2020, quando sofreu com o gargalo causado pela pandemia. Entretanto, apesar da pior queda da história, o segmento apresentou uma recuperação em “formato V”, com uma retomada acelerada em 2021, movimentando €288 bilhões em valor de produtos, se beneficiando da temporada de compras de fim de ano e até superando as projeções iniciais de €283 bilhões da Bain & Company.

No começo de 2022, o aumento de demanda com a volta do consumo phygital (combinação do físico e digital), impulsionado pela eficácia das campanha de vacinas sem grandes surtos nos países ocidentais, corroborou com o bom momento do setor. O mercado de luxo reportou crescimento de dois dígitos no primeiro trimestre do ano, expandindo entre 17% e 19% em comparação com o mesmo período de 2021, significativamente acima da média do ano passado (aproximadamente 3% versus 2019, considerando a última base pré-pandemia) segundo dados da Bain & Company. As projeções da consultoria, que é referência de estudos sobre este mercado, indicam números otimistas para o médio prazo, com expectativa que a indústria movimente entre €360 e €380 bilhões em 2025. Dito isso, esperamos um incremento nas vendas das varejistas focadas no público de alta renda.

Olhando por região, os Estados Unidos, a Europa e a China são os principais mercados para empresas focadas no público de alto padrão. No primeiro trimestre do ano, os Estados Unidos e a Europa lideraram o crescimento, enquanto a China sofreu com as restrições decorrentes da Covid-19 em cidades estratégicas. Entretanto, considerando a relevante participação do país como mercado consumidor, o desenvolvimento econômico da China, impulsionado pelas políticas econômicas com foco na aceleração do consumo e do crescimento da classe média, corrobora com o crescimento do mercado de luxo global.

Desdobrando a visão positiva sobre o mercado de luxo para as companhias de varejo que atendem o consumidor de alta renda, vemos uma tendência similar de crescimento. Durante a última temporada de resultados das empresas norte-americanas, em que o tom foi de desaceleração, as companhias de varejo apresentaram movimentos bastante distintos: enquanto empresas focadas nos públicos de massa frustraram as expectativas de mercado, revisaram para suas projeções pra baixo e mostraram-se preocupadas com os estoques crescentes; as empresas focadas em um mercado de alto padrão apresentaram resultados fortes, reforçaram que a demanda segue resiliente e revisaram suas expectativas de venda para números altistas.  

Fatores que devem impulsionar o mercado de alta renda no cenário atual

1. O consumidor de alto padrão se beneficia da formação de poupança circunstancial observada durante da pandemia

Como vimos ao longo de outras crises históricas, esses momentos são geralmente marcados por aumentar a distância social entre a população, com os mais privilegiados sendo menos atingidos ou ainda capazes de aumentar as suas reservas durante períodos de crise. Durante a pandemia, os 10 homens mais ricos do mundo dobraram suas fortunas, de acordo com a Oxfam. Somado a isso, houve a formação de poupança circunstancial, que ocorre quando a pessoa consegue manter a renda, mas acaba não tendo onde gastar devido às medidas de isolamento social.

2. A reabertura econômica, com a volta dos eventos sociais, movimenta o setor

Somado ao acúmulo de patrimônio, a pandemia também reprimiu a demanda, pela falta de oportunidade de compra física e também de ocasiões de uso. Já a reabertura econômica abre caminho para que a demanda reprimida seja absorvida. A retomada da agenda de eventos, como concertos, formaturas, casamentos e outras celebrações que, em geral, envolvem a demanda por roupas novas, combinado com a oportunidade de consumo físico, tende a beneficiar o varejo depois do período de isolamento.

3. Mercado consumidor menos afetado pela inflação, o que sustenta uma demanda pouco elástica

Em um cenário inflacionário, que o aumento dos custos impacta diferentes cadeias produtivas, um ponto importante é a capacidade das empresas de sustentarem suas margens de lucro. Atendendo a um consumidor menos impactado pela inflação, as empresas focadas no público de alta renda conseguem repassar o aumento de custos de forma mais eficiente, aumentando os preços sem que isso reflita diretamente na perda de vendas.

Mas, nem tudo o que reluz é ouro

Analisando o cenário macroeconômico, não podemos ignorar os riscos de uma desaceleração econômica global e o a crescente possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos. Entendemos que o mercado de alta renda é um subsegmento, no relativo, mais protegido dentro do setor de varejo e que pode surfar um momento positivo com a reabertura. Entretanto, mantemos no radar, como ponto de atenção, a deterioração do cenário macro.

Como investir no mercado de alta renda?

Selecionamos alguns nomes focados no consumo de alto padrão que podem se beneficiar do contexto colocado acima:

1. Macy’s (NYSE: M, BDR: MACY34)

A rede de lojas de departamentos americana, que também é dona da Bloomingdale’s, integra o grupo de varejista que mostrou resiliência nos números do 1º trimestre de 2022, sustentada pelo público de alta renda frente um momento desafiador para o setor de varejo. A volta do consumidor de alto padrão aos shoppings para comprar roupas novas, para ocasiões especiais, malas e artigos de luxo, tem beneficiado o grupo. Esse movimento elevou as vendas de produtos mais caros, principalmente nos negócios da Bloomingdale’s.

A rede de lojas de departamentos americana, que também é dona da Bloomingdale’s, integra o grupo de varejista que mostrou resiliência nos números do 1º trimestre de 2022, sustentada pelo público de alta renda frente um momento desafiador para o setor de varejo. A volta do consumidor de alto padrão aos shoppings para comprar roupas novas, para ocasiões especiais, malas e artigos de luxo, tem beneficiado o grupo. Esse movimento elevou as vendas de produtos mais caros, principalmente nos negócios da Bloomingdale’s.

2. Lululemon (NASDAQ: LULU, BDR: L1UL34)

A fabricante de roupas esportivas focada no público de alta renda reportou números acima do esperado no 1º trimestre de 2022. Impulsionada pelo crescimento de dois dígitos do canal online, a companhia também elevou suas perspectivas financeiras para o ano fiscal de 2022. A Lululemon, em particular, se beneficiou com a pandemia à medida que as pessoas procuravam roupas confortáveis ​​para usar em casa. Mas agora, mesmo quando a população sai de suas casas para retornar aos escritórios e passeios sociais, eles ainda estão comprando os chamados itens de lazer. A Lululemon também ampliou mais recentemente seu portfólio para incluir calçados e produtos para cuidados com a pele, com um pipeline forte de lançamentos que solidifica a base do negócio.

3. Estée Lauder (NYSE: EL, BDR: ELCI34)

A Estée Lauder é uma das principais fabricantes mundiais de produtos de qualidade para cuidados com a pele, cabelo, maquiagem e fragrâncias. Seus produtos são vendidos em aproximadamente 150 países e territórios sob várias marcas conhecidas, incluindo: Estée Lauder, Clinique, Origins, MAC, Bobbi Brown, La Mer, Aveda, e Jo Malone London. Com a tendência de reabertura da economia, principalmente com a flexibilização dos lockdowns na China, e um maior consumo de fragrâncias e cosméticos, a empresa deverá sustentar suas margens e até ampliar sua lucratividade com o recente aumento de preços.

4. Ferrari (NYSE: RACE, BDR: RACE34)  

A fabricante de veículos esportivos Ferrari, também oferece suporte financeiro e manutenção para os carros, além de relógios, roupas, acessórios e outros artigos pessoais. Os veículos estão associados à sua lendária equipe de Fórmula 1 e são reconhecidos pelo alto desempenho, com um preço começando em cerca de US$ 300.000, com uma produção de cerca de 7.225 carros esportivos por ano. Dentro do segmento de maior valor da indústria, o setor de carros de luxo, a Ferrari um dos nomes de referência no mercado se destacando pela fidelidade de seu consumidor a marca.

 

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Fonte: conteudos.xpi


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