Autor: Fernando Ferreira (Estrategista Chefe e Head do Research)

e Jennie Li (Estrategista de Ações)

12/12/2021 19:47:26 • Atualizado em 12/12/2021 20:32:47

 

Dezembro tende a trazer o melhor de todos nós. Paramos para fazer um balanço do que fizemos ao longo do ano. Socializamos com as pessoas mais próximas nos eventos de final de ano (mesmo que vários sejam virtuais hoje em dia). Damos aquele gás final para bater as metas do ano, e também paramos também para planejar o ano que vem pela frente.

Nessa época de festejos, também é comum que as casas de análise publiquem os seus relatórios com as expectativas em relação ao próximo ano. Aqui na XP, também publicamos uma série de relatórios com a visão dos nossos times para 2022.

O Guia Onde Investir 2022 inclui as visões dos nossos times Macro, Política, Estratégia de Renda Variável, Renda Fixa e Alocação. Já o Raio-XP traz a visão dos nossos analistas para a Bolsa brasileira. O time de Macro Economia publicou também o Macro temas para o ano eleitoral.

Não temos a intenção de prever o futuro nesses relatórios, mas sim ajudar a você investidor a se preparar para o cenário atual e o que poderá acontecer durante o próximo ano.

Afinal, o que podemos esperar para 2022?

Não é surpresa que esperamos um ambiente macroeconômico mais desafiador para o Brasil em 2022. Nossa equipe, liderada pelo Caio Megale, espera que o crescimento econômico desacelere consideravelmente – para 0% – resultado de um aperto material nas condições monetárias, que teve início em 2021. A taxa de juros Selic, que começou 2021 em 2% ao ano, deve subir até 11,5% em 2022, e fechar o ano em 11%.

Um dos principais tópicos de discussão para o Brasil nos próximos 5 anos será a trajetória fiscal, das contas públicas do governo. A combinação de um alto nível de dívida em relação ao PIB (83%, um dos maiores entre mercados emergentes) com taxas de juros muito elevadas, é muito desafiadora.

Como resultado, o Brasil deve decidir entre apertar a política fiscal no médio prazo e estabilizar a dinâmica da dívida ou correr o risco de retornar ao velho cenário macroeconômico: gastos altos, inflação pressionada e taxas de juros elevadas: Essa será a questão-chave para monitorar no ciclo eleitoral do ano que vem.

Por que o teto é tão importante? O Brasil é um país com dívida elevada e juros altos – hoje, em elevação. Na situação atual, uma pequena alteração no teto que implique em crescimento das despesas acima da inflação já pode ser a diferença entre a dívida púbica se estabilizar ou subir indefinidamente. Os exercícios do gráfico abaixo ilustram essa dinâmica.

teto de gasto

Por falar em Eleições, analisamos a performance do mercado brasileiro em ciclos eleitorais anteriores. A conclusão é que devemos esperar maior volatilidade, mas não necessariamente desempenho fraco para os ativos brasileiros durante o período eleitoral.

Na nossa visão, os ativos brasileiros hoje precificam muitas notícias negativas. Temos um dos mercados mais fracos do mundo em 2021, e uma das moedas de pior desempenho também, apesar de o país ser um dos maiores beneficiários dos preços elevados das commodities. Com a postura mais firme do Banco Central em relação à inflação, esperamos que o Real se estabilize.

volatilidade do ibovespa

O que esperar para a Bolsa brasileira?

Além disso, o mercado de ações brasileiro continua barato, independentemente do ponto de vista: 1) comparado ao histórico e em relação aos Mercados emergentes e globais, 2) em relação às taxas de juros, e 3) analisando cada um dos setores da Bolsa, entre outros.

O que esperar para a Bolsa brasileira

Acreditamos que os maiores riscos são referentes às estimativas para os resultados de 2022, e não tanto nos preços das ações.

Também atualizamos nossa análise de cenário para o Ibovespa e vemos um valor justo para o índice em 123.000 pontos ao final de 2022. Por outro lado, as eleições e o cenário macro desafiador trazem volatilidade adicional no caminho até esse valor justo.

A análise pessimista aponta para 93.000 pontos, enquanto a otimista traz 145.000 pontos, caso o cenário melhore consideravelmente. O nível atual, em torno de 107.000 pontos, indica que a relação entre risco e retorno continua bastante favorável.

análise pessimista

Como se posicionar nas ações brasileiras em 2022?

Na Bolsa ações, seguimos com três principais temas de investimento:

1) Commodities: que continuam oferecendo uma boa proteção contra inflação e o dólar mais alto;

2) Histórias de crescimento secular: que são empresas mais protegidas do cenário Macro mais desafiador;

3) Oportunidades específicas: empresas de qualidade que tiveram uma forte queda recentemente, não relacionada aos seus fundamentos, e que podem se beneficiar de uma recuperação no mercado.

E quais os riscos para estarmos atentos no horizonte?

Além dos riscos que já discutimos em relação ao Brasil (inflação, eleições, trajetória da dívida), vale destacar também alguns outros riscos no cenário global:

1) Novas cepas da Covid e possibilidade de novos fechamentos da economia – o que postergaria a recuperação da atividade global;

2) Taxas de juros maiores e menores incentivos dos governos e Bancos Centrais no mundo, levando a perspectivas de crescimento mais fracas no mundo e menor liquidez global. Esse cenário pode impactar mais os mercados emergentes, pois taxas de juros maiores nos EUA podem levar a uma alta do Dólar, e saída de fluxo dos Emergentes;

3) China, especialmente se a desaceleração econômica vista recentemente se prolongar além do esperado. Não esperarmos esse cenário, pois vemos várias alavancas que o governo chinês pode impulsionar a economia doméstica. Mas é importante monitorarmos a evolução da economia chinesa, dado a sua grande relevância ao Brasil.

Essa é a última edição do Raio-XP para o ano de 2021. Desejo a todos os meus leitores semanais boas festas e um ano de 2022 excelente e com muitas realizações!

 

Fonte: XP


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