Autor: Leonardo Pinto (Editor-Assistente | Jornalista)

20/08/2020 16:32:43 • Atualizado em 21/08/2020 09:30:01

Previdência ou Tesouro Direto? Descubra o investimento mais indicado para a sua aposentadoria

Esticar o olhar para um horizonte de 10, 20, 30 ou até 50 anos é um hábito muito incomum no Brasil. Por diversos fatores, os brasileiros têm uma cultura imediatista e cômoda em relação ao dinheiro. Talvez pelo passado de inflação galopante, pelos juros altos ou por não conseguir sacar dinheiro no banco no ‘confisco da poupança’, no começo da década de 1990. No entanto, o fato é que a inércia faz com que a aposentadoria seja deixada de lado.

Segundo a pesquisa “Raio-X do investidor brasileiro” mais recente, divulgada pela Anbima, pouco mais da metade da população brasileira (51%) acredita que será sustentada apenas pelo governo em relação à aposentadoria e apenas 9% de quem investe no Brasil coloca o objetivo do retorno financeiro para se aposentar ou usar na velhice.

Os dados evidenciam que se planejar financeiramente para o futuro, de fato, ainda não é uma característica inerente aos brasileiros, mas uma maior consciência de educação financeira e o cenário de juros baixos tendem a mudar cada vez mais esse panorama por impulsionarem uma mudança de atitude nos investimentos.

Para a aposentadoria, especificamente, dois tipos de aplicações vêm mais à tona: Previdência Privada e Tesouro Direto. Saber as particularidades de cada uma e entender como e qual delas se encaixa melhor em seu perfil de investimento pode ajudar você a despertar um maior interesse em se programar financeiramente para o futuro. Mas qual delas é a mais indicada?

A seguir, apresentaremos as boas práticas considerando o investimento para aposentadoria e mais detalhes sobre previdência e Tesouro Direto conforme a variação dos perfis.

Antes de tudo: disciplina e diversificação no longo prazo

Incorrer à Previdência Social, paga pelo INSS, é direito do cidadão e dever do poder público. Mas será que você precisa esperar o governo resolver as contas e pagar um salário que não corresponde ao seu padrão de vida? Vale a pena ficar na zona de conforto para contar moeda lá na frente?

A resposta real depende do que você pretende em termos de aposentadoria. Mas já adiantamos que, se o seu caso é ter uma vida tranquila e sem apertos, o ideal é já começar a se preparar.

Sem milagres

Para investir pensando em sua aposentadoria, saiba que não há o investimento mais indicado nem milagroso. Depende muito do seu perfil de investidor e de outro fator importante: a diversificação. Não adianta nada colocar tudo em um investimento e esperar que ele renda pelos próximos 40 anos.

O mais recomendado é se planejar financeiramente, separando uma quantia razoável para uma reserva de emergência. Esse é o primeiro passo. Sabe por quê? Suponhamos que você tenha todo o seu dinheiro em apenas um ativo focado em aposentadoria.

O que você faz se precisar resgatar grande parte do dinheiro para cobrir uma cirurgia de alto custo, um conserto na casa ou até mesmo se ficar desempregado?

Essa quantia não deveria ser tirada de um investimento que estava destinado à aposentadoria. Além de ferir a rentabilidade desse ativo, uma vez que você “traiu” a sua disciplina ficará cada vez mais difícil manter o investimento sem resgatar. Portanto, tenha sempre uma reserva de emergência e outros investimentos separados para cada objetivo e prazo, fator muito importante para a construção de uma carteira de previdência saudável.

Previdência Privada: benefício tributários e versatilidade

O primeiro investimento que vêm à cabeça quando se fala em aposentadoria são os planos de Previdência Privada. De fato, eles têm vantagens tributárias bastante favoráveis no longo prazo e é um investimento muito versátil. Além dos rendimentos, na Previdência há formas de pagar menos impostos com os planos que você contrata na hora de investir: Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL).

As vantagens tributárias da Previdência Privada

Se você adotar o PGBL, é possível deduzir todos os anos na declaração de Imposto de Renda até 12% de sua renda bruta tributável. Então, pense, todos os anos você pode pagar muito menos ao Leão.

Esse dinheiro economizado pode ser reinvestido na Previdência e o seu patrimônio ganhará gordura de forma mais rápida. No entanto, nessa modalidade, na hora de resgatar os recursos do plano, o imposto cobrado incide sobre todo o montante acumulado.

Já no VGBL, não há essa vantagem tributária de dedução na declaração, porém o imposto na hora do resgate só incide sobre os rendimentos e não sobre o total.

Além disso, para quem busca o longo prazo, a Previdência Privada garante uma das menores alíquotas do mercado financeiro, podendo chegar a 10% se você deixar o investimento por mais de 10 anos e optar pela Tabela Regressiva, enquanto que outros investimentos, exceto os isentos em IR, a menor alíquota é de 15%. Esses benefícios tributários costumam colocar os planos de Previdência Privada como os grandes “queridinhos”, entre todas as classes de investimento, quando o assunto é aposentadoria.

Para todos os perfis

A versatilidade é outra frente que ajuda na questão dos rendimentos. Há planos para todos os perfis de investimento, basta escolher o que melhor se adequa aos seus objetivos. Ou seja, para investidores mais conservadores a fundos de previdência de renda fixa e para os perfis que aceitam mais apetite ao risco há os mais variados fundos, de multimercados mais comedidos a fundos de ações com gestão ativa e mais voláteis.

Outra boa vantagem dos fundos de Previdência, ainda no ponto do dinamismo do investimento, é que é possível escolher como receber esse dinheiro: resgates periódicos, renda vitalícia, todo o montante acumulado + a rentabilidade, etc. Em resumo, Previdência é um investimento pensado para o longo prazo

Tesouro Direto: Segurança e garantia do poder de compra

Os títulos públicos do Tesouro Direto indexados à inflação, conhecidos como Tesouro IPCA+, são boas opções para aposentadoria considerando perfis mais conservadores e com menos apetite ao risco. Ao investir nesse tipo de ativo, o investidor sabe quanto será sua rentabilidade real se mantiver o título até o vencimento.

Poder de compra assegurado

Isso ocorre porque o título é remunerado pela variação da inflação acrescida de uma taxa prefixada (ex: IPCA 2045 + 3,78%). As grandes vantagens do Tesouro IPCA+ é que ele tem o menor risco de mercado, por ser emitido pelo governo, e também assegura o poder de compra. Ou seja, você não precisará se preocupar se o seu dinheiro aplicado nesse título perderá da inflação.

Portanto, se a inflação sobe muito, o rendimento do Tesouro IPCA+ acompanha essa variação, ao contrário de outros investimentos que não têm essa correlação.

Por isso, o Tesouro IPCA+ é indicado para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria. Atualmente, a inflação está ligeiramente controlada e a níveis históricos baixos. Mas como a economia tende a ser cíclica, subentende-se que a inflação terá eventualmente períodos de alta, o que é bom para o investidor exposto ao Tesouro IPCA+ e para quem quer, a longo prazo, formar reserva para sua aposentadoria.

Prazo longo, melhores taxas

Atualmente, os títulos mais longos e recomendados para aposentadoria são os com vencimento em 2045 e em 2055 (com juros semestrais) por terem as taxas mais atrativas em termos de retorno e por permitirem que os juros compostos ajam ao longo do tempo e façam crescer o bolo para aposentadoria.

Caso precise vender o título antes do vencimento, o investidor está exposto a variações de preço seguindo mudanças nas taxas de juros de mercado, o que pode afetar a rentabilidade contratada no ato do investimento. Entenda.

É recomendável investir nos dois?

Como dissemos no começo do texto, escolher apenas um investimento pode não ser a melhor opção para a sua aposentadoria. Tanto a Previdência Privada como o Tesouro IPCA+ são opções muito válidas, dependendo basicamente do seu apetite ao risco.

Uma estratégia bastante recomendada para o longo prazo é fazer uma mescla desses investimentos. É possível fazer isso de algumas formas:

  • Investir em planos de Previdência Privada com exposição exclusiva aos títulos indexados à inflação (Tesouro IPCA+)
  • Se você tiver disponibilidade para arriscar um pouco mais, é possível investir em uma Previdência que busque mercados mais arrojados, como o de Renda Variável, e combinado a isso, investir nos títulos públicos atrelados à inflação de forma direta.
  • É possível também investir apenas em planos de previdência que contemplem as mais variadas classes e que faça uma boa diversificação dos riscos, tomando como premissa a versatilidade da Previdência, em que você, por meio de um gestor especializado, investe basicamente no que você quiser, mas com o benefício de ter uma alíquota de IR mais baixa do que qualquer outro tipo de investimento, tirando os isentos, depois de 10 anos carregando o investimento.

Portanto, nesses casos específicos, você aproveita tanto os benefícios tributários que mencionamos dos planos previdenciários quanto a segurança do Tesouro IPCA+ no longo prazo.

Fonte: XP


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