Autor: Marcella Ungaretti (Head de Research ESG) e Giovanna Beneducci (Analista Research ESG)
12/10/2022 19:12:35 • Atualizado em 13/10/2022 10:17:47
O que esperar do maior evento do mundo sobre clima?
Daqui um mês, entre os dias 6 e 18 de novembro, representantes dos governos ao redor do mundo participarão da próxima conferência anual da ONU sobre clima (COP27), que acontecerá no Egito. A COP27 reunirá lideranças mundiais para acelerar os esforços no combate ao aquecimento global e reafirmar o compromisso das nações com a transição energética, ao mesmo tempo em que as expectativas para a COP27 são ponderadas por uma crise energética global que corre o risco de desencadear uma recessão econômica e uma potencial desordem social. Faltando apenas um mês, nesse relatório nós aproveitamos para relembrar os resultados da COP26 e trazer os principais tópicos esperados para serem discutidos na edição deste ano: (i) créditos de carbono; (ii) financiamento climático; e (iii) obstáculos geopolíticos.
Resultados da COP26. No ano passado, a COP26 reuniu ~200 líderes mundiais na discussão sobre clima e o objetivo de limitar o aquecimento global em 1,5°C, tendo como principais resultados: (i) o compromisso dos países desenvolvidos de cumprir a promessa de US$100 bilhões anuais em financiamento climático aos países em desenvolvimento mais afetados pela crise climática; (ii) a aprovação do emblemático artigo 6º do Acordo de Paris, criando as diretrizes básicas para o mercado de carbono regulado; e (iii) o 1° pacto climático internacional que referencia os combustíveis fósseis e limites ao uso de carvão (link). Já para a COP27, o foco está em avançar no planejamento concreto e na implementação desses compromissos, e vemos a conferência trazendo três tópicos-chave para a mesa de discussão:
(i) Financiamento climático. Após a COP26, notou-se a falha dos países desenvolvidos em cumprir a meta de US$100 bilhões em financiamento às nações em desenvolvimento, o que alimentou a lacuna de credibilidade e dificultou a capacidade desses países de planejar novas ações climáticas. O que agora é necessário na COP27 são metas claras de financiamento para mitigação, adaptação e perdas e danos, que devem ser complementadas por um plano de entrega dos países desenvolvidos para aumentar a transparência e acessibilidade dos valores financiados, sendo este um tema-chave a ser discutido na COP27.
(ii) Mercado de carbono. Uma das maiores conquistas da COP26 foi a criação de regras básicas para definir como os créditos de carbono podem ajudar os países a cumprir suas NDCs¹. Enquanto em Glasgow vimos os negociadores concordaram com os princípios, agora, no Egito, eles precisam definir o mercado e os mecanismos que o regem.
(iii) Obstáculos geopolíticos. O cenário geopolítico deteriorou-se desde a COP26, e está longe de atingir a estabilidade. Desde a última edição, o mundo tem visto desafios significativos, com implicações para a cooperação internacional no Acordo de Paris, principalmente frente à invasão russa à Ucrânia (link). O complexo clima geopolítico pode parecer um impedimento para o progresso na COP27, mas também o vemos como uma oportunidade de nova colaboração. Neste ano, os países terão uma nova oportunidade de mostrar seu progresso climático, bem como assumir novos compromissos para um bem comum, e pretendemos monitorar de perto os desdobramentos.
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Fonte: conteudos.xpi
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