Autor: Danniela Eiger, CFA (Head de Varejo e Co-Head de Equity Research), Gustavo Senday (Analista de Varejo) e Thiago Suedt (Analista de Varejo).

11/01/2023 14:57:12 • Atualizado em 11/01/2023 14:57:14

O que saiu hoje?

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) com os dados referentes à performance de vendas do comércio varejista brasileiro em outubro. O indicador declinou em -0,6% em relação a outubro. Na comparação A/A, a performance foi de +1,5% (vs. 2,7% no mês anterior e 3,2% em setembro). O desempenho do setor ficou ligeiramente abaixo do esperado pelo consenso e pelo nosso time econômico (XPe em +1,7% M/M e consenso de +1,9% ), impactado pelas condições de crédito ainda apertadas e alto endividamento das famílias, além do impacto dos jogos da Copa do Mundo no tráfego nas lojas e shoppings.

Dentro dos segmentos da nossa cobertura, observamos a performance sólida da categoria de artigos farmacêuticos +1,7% M/M e +6,5% A/A (vs. -0,3% e +5,3% em outubro), reflexo do perfil de demanda resiliente do segmento. Do lado negativo, destacamos a performance mais fraca da categoria de vestuário e calçados (com volume de vendas em -0,8% M/M e -16,1% A/A), permanecendo ~23% abaixo do nível pré-pandemia. Destacamos que as vendas das categorias de eletrodomésticos (+7,8% A/A) foram positivamente impactadas, possivelmente, pela demanda de televisões gerada pelos jogos da Copa do Mundo e pelas promoções da Black Friday. Por fim, a categoria de supermercados e hipermercados performou em linha com o mês de outubro/22, apesar de ter apresentado resultados mais sólidos que no mesmo período do ano passado (+0,0% M/M e +3,3% A/A).

Esperamos uma tendência mista do setor para frente. Pensando em um horizonte mais curto (4º trimestre), as vendas do varejo podem se beneficiar do contexto sazonal, principalmente considerando as vendas de Natal e festas de fim de ano. Entretanto, a continuidade de incertezas relacionadas ao cenário econômico, elevado endividamento da população e condições de crédito mais pressionadas contribuem para uma perspectiva negativa principalmente para a demanda por produtos com tickets médios elevados, como bens duráveis e categorias discricionárias. Além disso, a realização da Copa do Mundo ao longo do trimestre mais promocional do ano também contribui para o aumento das incertezas no setor, enquanto a recuperação do mercado de empregos e os estímulos fiscais no curto prazo podem ser ventos positivos para as vendas.

Preferência por empresas com forte posicionamento, sólido histórico de execução e com fundamentos estruturais

Nós preferimos exposição a empresas com forte posicionamento, sólido histórico de execução e com fundamentos específicos bem estruturados. Nesse sentido, dentro do segmento de varejo alimentar, enxergamos o atacarejo como uma combinação de uma proteção contra a inflação, resiliência e crescimento, sendo Assaí e Grupo Mateus as nossas preferências. Do lado discricionário, apesar de ser um segmento mais exposto à deterioração macro, nós gostamos de empresas focadas na alta renda, como o Grupo Soma e Arezzo, que oferecem uma maior resiliência e contam com um crescimento orgânico sólido. Finalmente, vemos farmácias como um setor resiliente para se ter e com alavancas positivas para frente, enquanto o e-commerce deve continuar a enfrentar maior volatilidade, especialmente frente ao aumento da competição e deterioração macroeconômica.

Resumo das nossas recomendações


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