Esta semana iniciamos uma série de relatórios trazendo insights interessantes sobre o 5G, incluindo os desafios e oportunidades dessa nova tecnologia que está sendo implantada nas capitais de todo o Brasil. Segundo a Anatel, no final de agosto 12 cidades terão 5G, e a tecnologia expandirá para outras 15 capitais até o final de outubro. Apesar de ser um tema muito em evidência na mídia e nas publicidades das Telcos, os consumidores podem notar que o 5G de hoje não oferece muito mais do que o 4G, seja pela falta de aplicativos e novos usos que se beneficiem do 5G, seja pela cobertura limitada da rede. Existem barreiras de monetização, principalmente na acessibilidade para os primeiros adotantes. A premissa básica da monetização 5G para o mercado B2C é fazer com que os consumidores paguem mais por causa de benefícios adicionais (velocidade mais rápida e menor latência), mas pedir aos consumidores que também comprem um novo dispositivo 5G encontra resistência na renda disponível, tornando a curva de adoção mais correlacionada com fatores macroeconômicos, como renda disponível e taxa de emprego, em um cenário de aperto monetário e inflação elevada.

O 5G promete velocidades mais rápidas, menor latência e conectividade aprimorada, permitindo que indivíduos e empresas se conectem por meio de experiências de usuário novas e aprimoradas, mas quando a nova tecnologia atingirá todo o seu potencial? 3 anos após o lançamento do 5G em todo o mundo, a tecnologia ainda está em sua infância. De acordo com dados fornecidos pela OMDIA, 94% dos consumidores globais de 5G estão concentradas em 10 países e, no final de 2021 a China detinha 71% dos consumidores globais de 5G e possui 1,6 milhão de estações base 5G.

% acessos globais de 5G em 2021:

% acessos globais de 5G em 2027:

Apesar dos números atuais serem pequenos, vale destacar a curva natural de adoção de uma nova tecnologia. Estima-se que a adoção do 5G cinco anos após o lançamento seja muito maior do que curva de adoção do 4G e será mais espalhada pelas regiões.

E no Brasil como será essa evolução? 2022 será um ano em que muitas operadoras construirão suas redes 5G e o crescimento de assinantes ganhará força a partir de 2023. Apesar da dificuldade em estimar a curva de evolução/adoção da nova tecnologia, encontramos alguns dados interessantes para a América Latina, que deve ser uma boa proxy para o mercado brasileiro. A Ericsson espera que o 5G atinja 270 milhões de assinaturas até 2027. Se confirmado, isso daria ao 5G um começo melhor do que qualquer outra tecnologia na América Latina.

Acessos móveis na América Latina por tecnologia: (milhão)

Fonte: Ericsson

Em termos de uso de dados, de acordo com um relatório divulgado recentemente pela Ericsson (Relatório de Mobilidade – junho22) o tráfego médio de dados por smartphone na América Latina deverá atingir 34 GB por mês em 2027 (28% de crescimento anual ponderado entre 2021 e 2027). O crescimento do tráfego é impulsionado pela expansão da cobertura e adoção contínua do 5G, associada a um aumento na penetração de smartphones 5G e um aumento no uso médio de dados por smartphone.

Na semana passada participamos do evento Telco Transformation Latam. Entre os vários temas discutidos com diferentes telcos globais e Omdia Research, vale a pena compartilhar alguns insights e conclusões com foco no 5G e no desafio de monetização desta nova tecnologia:

  • Com base na experiência inicial dos primeiros países que lançaram o 5G, ainda não está claro quanto o ARPU pode ser aumentado;
  • Os desafios de monetização 5G não são exclusivos dos mercados emergentes, mas são mais problemáticos do que nos mercados desenvolvidos. Acessibilidade do serviço e do aparelho são as principais questões, pois há uma relutância em pagar mais por 5G e o aparelho 5G mais barato ainda possui um custo proibitivo (~R$ 1.600) para boa parte da população. Para monetizar clientes em 5G, as operadoras precisam convencer seus clientes a pagar mais por causa de seus benefícios adicionais, mas pedir aos consumidores que façam isso e comprem um novo aparelho 5G é particularmente mais difícil em mercados emergentes;
  • Além da acessibilidade, outros inibidores para operadoras de mercados emergentes incluem:
    • (i) A cobertura de rede limitada impossibilita a introdução de modelos tarifários completamente novos que poderiam aumentar o ARPU; e
    • (ii) Os consumidores podem perceber que o 5G de hoje não oferece muito mais do que o 4G oferece, dada a limitação em aplicativos que exigem todos os recursos oferecidos pelo 5G.
  • Algumas empresas de telecomunicações em países emergentes estão lançando pacotes com aplicativos 5G imersivos (por exemplo, streaming 4k, AR/VR e jogos em nuvem) para aumentar/incentivar o consumo de dados e o upselling para planos mais caros;
  • O crescimento do mercado de dados móveis ficará sob pressão à medida que os assinantes começarem a saturar. As empresas de telecomunicações estão, portanto, buscando novas maneiras de continuar a aumentar os gastos de seus clientes. Nesse sentido, muito se tem discutido sobre novas tendências e oportunidades em jogos em nuvem;
  • O interesse renovado das telecomunicações por conectividade em jogos é, em grande parte, resultado das novas oportunidades geradas pela tecnologia aprimorada com os jogos migrando para o online. A conectividade agora é crucial para jogos em todas as plataformas; ele deve ser rápido, confiável e responsivo o suficiente para satisfazer as demandas dos jogadores de alta tecnologia. Isso é especialmente verdadeiro para jogos na nuvem e futuros metaversos imersivos;
  • Redes privadas em 5G: Algumas grandes corporações já estão se aproximando de parceiros para operar suas redes privadas. Ainda não há um modelo contratual claro, mas essas aplicações devem se tornar realidade em menos de 2 anos. No entanto, existem algumas barreiras à adoção de redes privadas 5G. A falta de dispositivos é o principal desafio para a aceitação do 5G. À medida que o 5G se torna um driver mais forte para redes privadas, a falta de dispositivos está se tornando cada vez mais aparente;
  • Supondo que as operadoras não consigam aumentar o ARPU do cliente com 5G, do ponto de vista da margem, faria sentido as operadoras incentivarem a mudança do tráfego para 5G porque é mais barato transportar tráfego de dados em 5G do que em 4G.
Fonte: XPConfira também nosso artigo sobre Em cenário de deflação, veja o que esperar da Renda FixaFonte: conteudos.xpi


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